Sismologia nada mais é do que o jargão usado por estudiosos da geofísica, que estudam os terremotos – também conhecido por sismos. Entenda neste artigo:
- Sismos: como e por que acontece o fenômeno natural?;
- Sismologia: entendendo o conceito;
- 50 terremotos acontecem por dia, mas qual traz impactos para serem sentidos?
- A importância da sismologia.
Sismos: como e por que acontece o fenômeno natural?
Para entender melhor sobre o conceito de sismologia, primeiro, é preciso saber o que são os sismos. Os sismos são um fenômeno natural, resultado de uma ruptura no interior da crosta terrestre. Vale lembrar que a crosta em questão é a camada superficial da Terra.
Detalhando um pouco mais, nesse sentido, segundo a Escola de Artes, Ciências e Humanidades da Universidade de São Paulo (EACH/USP), a crosta atinge um nível de profundidade média de 35 km sob os continentes, onde a densidade varia entre 2,6 e 2,8 g/cm³, e 6 km sob os oceanos, onde a densidade é de 3,0 a 3,3 g/cm. Ao longo do texto, será possível entender como os cálculos são realizados.
As rupturas podem chegar a dois extremos, sendo aqueles de maior ou menor impacto, conforme o Serviço Regional de Proteção Civil e Bombeiros dos Açores (SRPCBA).
O departamento dependente da Secretaria Regional do Ambiente e Ação Climática também explica que, uma vez que o fenômeno acontece, ocorre também à liberação de uma grande quantidade de energia na Terra, e este excesso provoca vibrações em uma vasta área circundante. Em outras palavras: os terremotos.
Mas por que os sismos acontecem? Na maioria dos casos, os sismos ocorrem devido a movimentos que se dão por meio de falhas geológicas. Estas falhas podem acontecer em diferentes massas de rochas na crosta terrestre.
Conforme explica o Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da Universidade de São Paulo (IAG/USP – antigo Instituto Astronômico e Geofísico), para ocorrer um terremoto, é necessário haver condições que permitam o acúmulo de esforços destas rochas, com a consequente liberação.
Conforme mencionado no apoio à aprendizagem da USP (Moodles da USP), existem vários tipos de sismos. Confira alguns deles abaixo:
Sismos de origem tectônica: são terremotos associados a falhas tectônicas, que normalmente ocorrem pelo movimento e interação das placas tectônicas. Conhecidos como os mais abundantes, têm as maiores magnitudes, além de ocorrer em profundidades desde muito próximas à superfície da Terra até mais de 600 km de profundidade.
Sismos de origem vulcânica: neste caso, são associados às erupções vulcânicas, podendo atingir grandes magnitudes. Têm seus focos relativamente superficiais (da ordem poucos km até poucas dezenas de km).
Sismos de origem secundária: estes são os sismos provocados, normalmente, pela acomodação de estratos superficiais, que provocam deslizamentos e afundamentos do solo.
Sismos induzidos: são sismos de origem secundária ou tectônica disparados pela ação dos seres humanos, como na escavação de minas subterrâneas. Também é comum que este tipo de terremoto ocorra quando são construídos reservatórios hidrelétricos, ou em alguns casos específicos, como por exemplo, a extração de gás xisto, onde é utilizada uma técnica conhecida como ‘fracking’, que consiste em injetar água pressurizada para fraturar a rocha e liberar gás e petróleo do subsolo.
Sismologia: entendendo o conceito
Agora que já passamos pelo que significa o fenômeno natural conhecido como sismos, podemos entrar no conceito da sismologia.
O jargão normalmente é mais comum e familiar para especialistas da geofísica, os mesmos que que atuam no ramo, estudando os terremotos, suas causas e efeitos, se traduzindo, assim, a sismologia.
Além da sismologia em um panorama geral, os estudiosos também dedicam tempo para olhar com mais cuidado e entender a propagação das ondas de vibração (ou ondas sísmicas), emitidas por meio de terremotos e explosões que se propagam por todas as direções.
De acordo com o IAG/USP, a sismologia utiliza as ondas sísmicas para estudar a estrutura interna da Terra.
Quando esses eventos acontecem, as deformações provocadas durante a passagem destas ondas sísmicas são de dois tipos: variações do volume, sem mudar a forma; e variações da forma, sem mudar o volume. Isso significa que ambas possuem diferença no tempo de chegada, de forma que pode fornecer a localização do epicentro do terremoto.
O primeiro tipo de onda são as longitudinais. Estas são aquelas que provocam sucessivas compressões e dilatações, na direção em que se propagam. Representa a onda sísmica com a maior velocidade – também é conhecida como onda dilatacional, compressional, longitudinal, primaria e ou onda P.
Já o segundo tipo de onda, provoca deformações de cisalhamento, com vibrações transversais à direção de propagação da onda. Com uma velocidade menor que a da onda P, é conhecida como onda cisalhante, transversal, secundária e ou onda S. As ondas S podem ser polarizadas em vibrações verticais, horizontais e transversais à direção de propagação da onda.
Para aqueles mais técnicos, estas ondas contêm a maior parte da energia a distâncias menores que 100 km do epicentro.
Os dados referentes às ondas também permitem que a sismologia realize cálculos para a escala de Ricther, podendo, assim, determinar qual foi a magnitude e também, o poder de destruição do tremor.
50 terremotos acontecem por dia, mas qual traz impactos para serem sentidos?
Em relatório de aprendizagem, a USP destaca que, todos os dias, em algum lugar do mundo, ocorrem por volta de cinquenta terremotos fortes o bastante para serem sentidos. Apesar desta capacidade, são eventos menores, mais comuns, e de efeitos com alcance limitado.
De encontro com a tese, está o recente abalo sísmico que ocorreu em Pelotas, no Rio Grande do Sul, no dia 27 de junho de 2024. De acordo com a prefeitura municipal da região, o Centro de Sismologia da USP confirmou tremores sísmico de 2,5 graus na escala Richter.
Neste caso, por exemplo, não houve nenhuma ocorrência, demanda, incidente ou prejuízo em decorrência do tremor.
Felipe Leitzke, coordenador do curso de Engenharia Geológica da Universidade Federal de Pelotas, explicou que eventos dessa magnitude, inferiores a três graus, são muito comuns. “Isso se dá em virtude da pressão provocada pela movimentação de rochas nas fraturas ou falhas em até dez quilômetros de profundidade na crosta, não havendo motivos para preocupação.”
Na outra ponta, existem eventos mais raros e que, a cada poucos dias, acontece um terremoto grande o suficiente para causar danos as estruturas, conforme explica a USP. A importância da sismologia vem de aí.
A importância da sismologia
Do lado acadêmico, a sismologia conseguiu averiguar que os terremotos trouxeram contribuições muito importantes para a teoria Tectônica de Placas, permitindo que fosse possível demarcar as bordas das placas litosféricas – blocos presentes na camada sólida externa da Terra.
A teoria mencionada acima também é usada pela sismologia para entender as ondas sísmicas geradas por terremotos, aplicada em menor escala nos métodos sísmicos. De acordo com a USP, eles são de vital importância na exploração de recursos naturais, como os hidrocarbonetos. Nesse sentido, a exploração de petróleo, por exemplo, seria inviável sem o uso dos métodos sísmicos.
O estudo dos sismos tem importância pelo fato de que é este campo de estudo o responsável por advertir quando eventos potencialmente catastróficos possuem grande magnitude – e quando podem ocorrer próximo a áreas habitadas.
Nesse sentido, o trabalho dos especialistas em geofísica é imprescindível pois, saber qual a probabilidade de um determinado local ser atingido por um terremoto e qual será o intervalo de tempo para isso, permite se estabelecer um planejamento que será mais bem pensado e, eventualmente, executado. De forma que a sismologia entenderá qual o tipo de estrutura deverá ser construída e qual resistência deverá ter, dependendo do nível de risco que se considere aceitável.
A universidade faz uma ressalva de que, não existe nenhuma maneira de prever com 100% de certeza onde e, principalmente, quando, os terremotos irão ocorrer.
Contudo, contar com um sistema de detecção ágil permite emitir alertas quando há riscos, poupando desastres maiores. Como exemplo, a USP relembra o tsunami que ocorreu em Sumatra (ilha na Indonésia), em 2004, matando centenas de milhares de pessoas.
Após esse evento, o governo do país pediu auxílio ao governo alemão para criar um sistema de monitoramento e detecção em tempo real, o software é chamado de SeisComp e, atualmente, é utilizado em vários centros de sismologia mundo afora, incluindo o do IAG-USP. Para navegar pela documentação, acesse o link.
A USP explica que ter esta rede permanente de estações, contando com um sistema de monitoramento em tempo real permite que o Centro de Sismologia da universidade localize de forma ágil qualquer evento considerado grande que possa vir a ocorrer em território nacional e/ou nas redondezas.
Dessa forma, é possível emitir em pouco tempo relatórios e esclarecimentos para a população – o que há alguns anos, não era possível antes da instalação da Rede Sismográfica Brasileira.
Rede esta que, permanentemente, permite a USP realizar diversos estudos da litosfera e do manto sob o Brasil, além da elaboração de mapas de risco sísmico que auxiliarão a reduzir as chances de acidentes com danos sociais e ambientais. Como exemplo, a universidade destaca o rompimento da barragem em Mariana – Minas Gerais, no final de 2015.